Frio e neve não são suficientes para salvar época turística

O frio que nos últimos dias se fez sentir e a neve que caiu na serra da Estrela, embora em pouca quantidade, reabriram a estância de esqui e, com auxílio de produção de neve artificial, os amantes deste desporto e de snowboard voltaram a deslizar nas suas pistas. Fora delas, muitas outras pessoas, sobretudo gente miúda, voltaram a escorregar, em cima de trenós ou de meros sacos de plástico, pelos declives mais próximos da Torre.

As previsões apontam para que as condições climatéricas se mantenham ali inalteráveis até segunda- -feira e, se assim for, hoje e amanhã a estância estará aberta. Tudo indica que este será o último fim-de-semana da época pintado de branco na mais alta montanha do País. Mas nem por isso a Estrela registará grande afluência, a avaliar pelo movimento observado ontem e pelas reservas feitas para hoje e domingo nas unidades hoteleiras da região.

Depois de um "Inverno muito mau", isto é, com pouca neve, o frio das duas últimas semanas, coincidente com a Páscoa e o período de férias, reanimou a serra, mas não o suficiente para "salvar a época", lamentam comerciantes e outros operadores, designadamente hoteleiros, cujas unidades mantêm taxas de ocupação na ordem dos 50% - mesmo as unidades situadas em plena serra, que são as mais procuradas, registam índices que variam entre os 60% e os 70% -, "muito inferiores às do ano passado". Reconhecem que o Inverno de 2005/6 foi "excepcional", mas este "foi muito fraco".

No ano passado a estância de esqui "funcionou 139 dias", mas este ano chega hoje ao 75º dia, diz um dos responsáveis do espaço, Manuel Franco, cuja frequência tem crescido 20% a 30% por ano. E a escola de esqui é também cada vez mais procurada. No ano passado ensinou cerca de duas mil pessoas, este já ultrapassou um milhar, número igualmente animador, atendendo ao seu tempo de funcionamento.

O turismo na serra da Estrela já não depende apenas da neve, embora ela continue a ser um dos seus elementos mais importantes. O facto de Agosto ser o mês do ano em que é mais procurada, reflecte isso mesmo, sublinha o presidente da Região de Turismo, Jorge Patrão, sem desvalorizar a neve, sector para o qual estão previstos ainda muitos investimentos. Adianta que a estância vai triplicar a actual área esquiável (120 mil metros quadrados), "talvez já no próximo Inverno", mas sem sair do perímetro que ocupa.

Apostando numa lógica de complementaridade, também para combater a sazonalidade que ainda domina o turismo na Estrela, a Região de Turismo acredita que pode transformar esta área num dos principais centros turísticos do País. Tal como os investidores privados, como demonstra o crescimento do parque hoteleiro dos 13 municípios da região. Em 1998 tinha 1630 camas classificadas pela Direcção Regional de Turismo e hoje tem 4225. O turismo em espaço rural tem perto de 800 camas, muitas recém-criadas.